domingo, 14 de dezembro de 2014

Castelo de Areia

Porque, neste exato momento, sozinha, com o bebe dormindo na sala, seu sono tranquilo, eu sento e choro.
Choro as angústias de toda a minha vida, choro por tudo aquilo que finjo que não existe mais em mim, choro, porque mudei, muito, e fui seguindo, de cabeça erguida, pra muitos como arrogante, porque eu não conseguia ver outra opção, a não ser seguir em frente.
Choro tanto, que me dá ânsia de vômito, a angústia que está em mim.
Choeo, porque, tenho mendigado atenção e carinho dos outros, há tanto tempo, que não me reconheço mais.
Choro, porque a impressáo que eu tenho, tudo o que eu sinto, e que nunca gostaram de mim de verdade, do jeito que eu sou, como eu sou.
Então eu faço o possível e o impossível sempre, pra estar presente, pra que os outros se lembrem de mim, pra que as pessoas gostem de mim. não sou tão chata assim, fico me martelando diariamente, quase de forma ininterrupta.
Hoje seria o encontro na casa de uma grande, grande amiga. Seria, mas náo vou.É uma pessoa que eu amo de paixão, mas que sou eu quem liga sempre, aliás, pra quase todas as amigas.
Sei lá, estou numa crise grande e tudo o que eu queria era poder sumir, fugir ou morrer (o morrer pra poder voltar depois), pra poder me reescrever.
E me prendo, pelos filhos, pelo que eu acho que os outros vão precisar.
Estou tão precisando de mim mesma... O que eu gosto de fazer? O que eu não gosto? O que me apaixona? Com o que eu quero trabalhar?
Não, não sou feliz, não, não estou feliz.
Quero tanto desintegrar, morrer, pra poder renascer e ser e ter uma nova oportunidade.
Não quero voltar a ser e fazer o que faço há mais de 15 anos.
Como se o castelo fosse de areia, e estivesse todo ruindo...

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

desassossego

E tem uma hora que tudo é um desassossego. O coração, a alma...
Parece que tudo o mais bate desritmado.
Tem um lado meu que se boicota, o lado afetivo, que não acredita mais que a relação possa acontecer... É tanta energia focada no desacreditar, qeu fica difícil imaginar que possa acontecer. E se acontecer, como se faz com tanto não que foi colocado na cabeça?
Na alma e no coração?
Não faz? Afoga? Esquece?
Pareço um ser bipolar, só que tudo o que mais quero é sorrir e sentir-me leve... E estou um chumbo, que é muito mais do que um peso...
Tem um lado meu que sabe que gosta, que gosta muito, que tem confusão, que tem prioridades, que tem um acomodar as situações na cabeça. Tem um lado meu que está cansado de ceder, cansado de abrir espaços, cansado de entender e acomodar. Tem um lado meu que está bravo, que quer a presença, que quer todo instante... E tem um lado meu que quer boicotar, quer colocar todos esses lados em conflito pra que gere uma tensão tão grande que não se possa evitar...Os fins.
Também, tanto tempo esperando... Parece que isso força a gente a ser exatamente aquilo que não queremos...
Também, uma descompensação de hormônios, faz com que nossas atitudes sejam meio desproporcionais e descabidas...
Também, um final de semana inteiro sozinha, oferecendo colo, faz com que, quando a crise de enxaqueca bater em nossa porta, queiramos um pouco de colo, um pouco de carinho e que alguém cuide da gente ao invés da gente cuidar dos outros...
Também quer dizer é que eu gosto de gostar de vocÊ, eu gosto de você, mas estou com medo, insegura pra caramba, porque durante a gravidez foi uma confusão e um vai e vem... E não estou conseguindo deixar vocÊ se aproximar de mim, porque tenho medo que você me machuque assim...
Merecemos ser felizes, mas precisamos nos deixar ser...
Acabar com este boicote já.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Cuidados com a Mãe.

Quando estamos grávidas, focamos muito, muito na mãe, mas na mãe por causa do bebê.

Ai, você tem que se cuidar, agora carrega uma vidinha com você.

- Está tomando tais vitaminas? Seu bebê vai nascer mais inteligente.

- Ai, cuidado, não deixa de prestar atenção na sua filha, porque ela pode ficar com ciúmes do irmão que está na barriga.

Ai, dá vontade de dar aqueles gritos bem sonoros

OIEEEEEEEEEEEEEEEEE... Não sou um transporte público, não sou um transporte particular, sou gente, eu sou a mãe e preciso de tanta ou mais atenção do que os meus filhos.

Porquê?

- Se eu tiver depressão pós-parto, é por uma série de fatores que muitas vezes a pessoa já deu os sinais e ninguém prestou atenção.

- Estafa, estresse, vontade louca de sumir, fora as tristezas súbitas que nos acometem e fica todo mundo querendo saber o porquê.

Nós não temos a resposta pra tudo. Eu queria estar sorrindo muito agora, porque está cada vez mais próximo do meu filho nascer, mas não consigo. Estou sozinha (me sinto sozinha), uma série de cobranças acontecendo, problemas no banco, problemas no trabalho (que ainda repercutem). A casa, a casa começa a cair quando o bebê está pra nascer.  Encanamentos, vazamentos, parte elétrica começa a dar curto.

Só que você mora sozinha, com uma filha de 6 anos pedindo atenção, que você brinque, gatas carentes e um barrigão de praticamente 40 semanas.

Todo o emocional tendo que cuidar de tudo, responder para as pessoas que esperar um bebê nascer naturalmente é assim mesmo (o que faz você entrar na ansiedade dos outros e não na sua), e ao mesmo tempo não vem uma pergunta: Oi, vim aqui te visitar e fazer um chá pra você. Ou - Oi, precisa de alguma ajuda com a casa? Quer companhia? Pra dar risada, assistir filmes ou outra coisa.

Então, não deixem suas amigas, filhas, amadas, namoradas, mulheres ou mesmo que sejam somente as mães dos seus filhos (sim, sem uma relação afeto-emocional com o ser que carrega uma vida) passarem a gravidez pedindo ajuda. É um saco e é muito triste. Parece mendincância. Mas se ofereçam, estejam presentes. Das mais várias formas. Isso não significa tratar a gravidez como doença, mas como um momento único na vida da mulher, mesmo que seja a segunda gestação, a terceira... É sempre um momento único e ímpar.


terça-feira, 26 de agosto de 2014

... até para os sapatos...

... preciso de ajuda até para amarrar os sapatos, para tarefas simples do cotidiano, como tomar banho e conseguir lavar toda a extensão do corpo.
... preciso de ajuda, e em certo momento acreditei que podería contar com você, quando algo desabasse...
... e me sinto um estivador, ou aquela pessoa que fica o tempo inteiro no comando de um barco, dando ordens para a esquerda ou a direita, mas o pior é que estas ordens são sem obediência, então para que tanta energia assim...
... estou de 34 semanas de gestação, filhote está crescendo de vento em popa. E a minha sensação de solidão só aumenta. Parece que não tem fim... Não sei por onde está.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Livre

Você é um homem livre, eu sou uma mulher livre... Estamos grávidos, mas não temos uma relação afetiva para sermos um casal. Ou tentamos e deu certo. Nem eu sei muito bem ao certo o que há.

Mas sempre penso. Que eu sou uma mulher livre, quero asas para voar, pés que me levem para onde eu quiser. Meus filhos podem ir comigo.

E você é um homem livre, para ir aonde quiser. Estar aonde quiser que suas asas e seus pés te levem.

Vamos nos libertar desse papel de cobrança, que só mal nos faz e ao bebê.

Isso não é falta de afeto. É excesso de afeto. Não fui feita pra aprisionar pessoas, fui feita de amor, para que as pessoas se libertem de quaisquer prisões que as coloquem.

Quero meus filhos libertos, as pessoas que estão à minha volta... Quero sempre libertas, que pousem por aqui sempre que sentirem saudades, vontades e necessidades.

Também não garanto estar sempre aqui, porque gosto dos vôos, da liberdade... E da quietude. Mas gosto de estar presente, sempre que ouço o pedido.

Então meu querido. Vá, seja livre. LIVRE... Responsabilidade, disciplina, respeito, não precisam de prisão, precisam de espaço para serem construídos e acontecerem.


segunda-feira, 21 de julho de 2014

Um ser humano INCRÍVEL!!

E ser mãe, uma vez, duas vezes, não nos exime de olharmos com todo o orgulho do mundo as nossas crias. E vermos que eles tem uma relação tão humana e simples com o mundo, que dá de lavada em muitos acadêmicos querendo colocar pequenas regras e citar relacionamentos.

Filhota, de 6 anos, conversando com a mãe, este ser, cheio de crises e questões para resolver.Amiga do ex, que está namorando e que, particularmente, acho a namorada dele bacana, sem saber em que relação estou envolvida. Sendo amiga do pai do meu filho e sem sabermos em que relação estamos, e aí... essa baixinha do auge dos 6 anos faz um convite para a família dela, que está se formando.

Mamãe, podemos viajar para João Pessoa, tô com saudades de lá.
- Ahn filhota, vamos sim, mas precisamos esperar o seu irmão nascer.
- Tudo bem, podemos ir eu, você, o meu irmão, o meu papai, a namorada do papai, e o papai do meu irmão.
- Mas filhota, você sabe que nós 2 não somos namorados, não é?
- Sei mamãe, mas vocês são amigos, e amigos podem viajar juntos, não podem?
- Claro que podem filha, vamos tentar organizar.

A minha constatação é que minha família, a que estou formando, é cheia de esquisitices pra família cotidiana. Não somos a família Doriana. Um fator que me dói de alguma forma, porque a sociedade nos impõe um relacionamento que deveria ser o mais lindo do mundo.

Mas sempre busquei relações que se mantivessem pela afetividade, pelo carinho. E taí, a filhota disse tudo.

E que essa relação seja então, cheia de afeto, e essa família doida, com todo esse amor, com toda essa diversidade, possa transmitir através do exemplo que afeto, respeito e ética, independem da moral exposta por cada um de nós. Cheios de PRÉCONCEITOS.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Nadar, nadar e morrer na beira da praia

Não fiz esse blog para ser felizinho, nem sei se estão entrando aqui ou não.

É muito mais para que eu possa ter um lugar onde afogar as minhas tristezas... A sensação de estar sempre sozinha, que isso não vai embora, nunca.

Coordeno um espaço cultural, empenhei-me emocionalmente para que ele acontecesse, tivesse frutos... Coordeno pequenos eventos e realizações, e também emocionalmente estive ultra, mega envolvida.

O meu maior problema é que ao me envolver emocionalmente, em terrenos onde existem muitos pitacos, tem me desgastado de um tanto, porque a hora que o trabalho dá certo, não foi sucesso seu, mas de alguns em específico.

E aí dói, dói na alma.

E como lidar com essa dor, quando estamos realmente sozinhos... Sem um suporte bacana.

A sensação emocional que tenho é de estar sempre prestes a morrer na praia, depois de tanto ter nadado. E dale fazer pequenos resgates emocionais para que isso não me afogue de uma vez só.


segunda-feira, 16 de junho de 2014

Coisas da 2a. maternidade, com 2a. paternidade

Questões sociais que as pessoas jogam pra gente, sem pensar no impacto que elas terão em nossas almas, no que sentimos e em como estamos numa bem diferente:

1 - nossa, como você vai arranjar um namorado/marido, agora, sendo mãe, de 2, de 2 caras diferentes.
O que fica implícito: você é uma galinha, saiu com meio mundo, embuchou de 2, ninguém mais vai querer você.
Ainda nos olham com desconfiança.

2 - mas você não vai ficar com o pai do seu filho, porque
Dá vontade de responder mil vezes, porque eu quero muito ter a experiência de ser mãe solteira, é uma experiência empírica, para sentir na pele como é este momento, e devolver em anos de pesquisa para o mestrado e doutorado sobre a nossa sociedade arcaíca, enfim...
mas a resposta é mais simples e sincera do que isso,e parte de uma mulher, que deveria estar indefesa: não quero casar,  não quero morar junto, quero estar com alguém que goste de MIM e não porque estou grávida.
Se for pra não valer muito a pena, se ambas as partes não quiserem muito, melhor não ser.

3 - Mas você esperava, você planejou.
Definitivamente, sem comentários;

4 - Só vou comprar um presentinho se eu souber o sexo.
Roupa é pra criança, recém nascido, quanto maior a variedade de cor, melhor, agradecemos sempre. Pode ser vermelho, roxo, amarelo, verde, laranja, azul, branco, tantas outras cores... Pra que que vamos ficar nos atendo a únicas 3 cores sem graça?

Continuo com alguns pensamentos tristes, que não desaparecem... 

Quando a vida acontece dentro de um padrão, de uma forminha, as pessoas são ultra, mega presenteadas, se não acontece dentro deste padrão... Você não merece o que tem... Então de verdade cansa. Cansa de um tanto que a gente nem sabe pra onde ir...

Mas a gente tenta resolver, ahn se tenta.

E ficar de pé, e dar a volta por cima, e sacudir a poeira.

A ser Capoeira, porque capoeira que é bom, não cai, e se um dia cai, cai bem....



quinta-feira, 5 de junho de 2014

Montanha Russa

É assim que me sinto no meio do turbilhão de hormônios, emoções e sensações que estar grávida, AGAIN, me proporciona.

Acho uma delícia engravidar, sentir o filhote mexer na barriga. Mas tenho estado triste, uma tristeza que parece me sorrir escondida por detrás de um muro, entre brincando de esconde-esconde, pega-pega. Às vezes ela não tem destaque, por outras tem um destaque enorme no decorrer do dia.

Estar sozinha, sem saber em que pé que está o pai do meu filhote, é um teste e tanto. Outro teste diário é essa rotina de mãe, separada, com filhota pra acordar de mãe, trocar carinhos, conversas e irmos pro trabalho/escola. E voltarmos juntas, meio tarde, com tanta coisa por fazer e acontecer.

Minha filha é minha grande parceira. Super companheira.

E nessa montanha russa, vamos crescendo, juntos, filhota, filhote e eu, e amadurecendo. Porque alguns pedem um tempo, pois precisam resolver algumas coisas. Pra mim o tempo não pára, preciso prosseguir. Pelo bem de todos nós.

terça-feira, 3 de junho de 2014

E de novo, mãe!

E então, grávida, de novo.

De novo, surpresa. Mas esta sendo a surpresa das surpresas.

E enquanto escrevo estas linhas penso em tantas coisas da minha vida.

Do que ouvi quando me separei, de que eu era a pior pessoa do mundo. De que só tinha ficado comigo por conta da gravidez, por conta da minha menina, tao linda, tão querida.

Essa fala me dói, até hoje, quando lembro do rancor e da verdade que ela tinha quando foi dita.

E o medo dessa situação se repetir, com outra pessoa.

Então estou sozinha. Às vezes penso que irremediavelmente só.

Colocar aqui que não sou uma pessoa controladora, ciumenta, ou isto ou aquilo, não faz de mim a melhor companhia do mundo.

Bem na verdade eu acho que eu sou a pessoa menos legal do mundo, pra não dizer a mais chata, para servir de companhia. Mas talvez seja para um outro momento, ou não.

O que eu sei é que agora vem um menino, estou grávida de 22 semanas, e muitas vezes me sinto profundamente triste, por muitos dias seguidos.

Tendo uma pequena de 6 anos para cuidar, um trabalho diário, que sou apaixonada, e um filhotinho que cresce e se alimenta de mim, e do meu amor, e do meu humor.

E às vezes eu só queria dizer: sabe filho, hoje a mamãe precisou muito de um colo, e não teve colo oferecido. Eu só queria que alguém, de verdade, gostasse de mim, desse jeitinho meio esquisito que sou.

Viver fora da caixinha, sem fazer parte de nenhuma tribo, não é bolinho não.

E tudo o que eu quero é ser feliz.